8 de junho de 2010

Quando o tecto nos caiu em cima da cabeça

Hoje lembrei-me de mais uma história do antigamente, dos tempos em que tudo corria mal, mas nos divertíamos à brava. Pelo mesmo motivo que nos rimos quando alguém cai, naquele tempo achávamos piada à nossa desgraça e a tudo o que nos acontecia. Das duas, uma: ou éramos uma cambada de inconscientes (provável) ou era um mecanismo de defesa para não darmos em doidos (mais provável). Seja como for…

Certo dia, começámos a ouvir uns ruídos estranhos por cima das nossas cabeças. Olhando para cima, só se via o tecto falso, mas nitidamente andava por ali algum animal. De repente, o barulho aumentou e percebemos que se tratava de felinos de rua assanhados, furiosos, que entraram por engano pela janela minúscula ao nível do passeio (trabalhávamos na cave que deveria servir de garagem a um prédio em Lisboa, cujo senhorio, típico xico-esperto tuga, decidira alugar para ganhar mais uns trocos). Os gatos corriam, lutavam, berravam, dando a volta à sala por dentro do tecto falso. Conforme se deslocavam, nós íamo-nos encolhendo e desviando, por via das dúvidas.

Até que o inevitável acabou por acontecer: uma da placas do tecto partiu-se, os gatos caíram embrulhados e em pânico em cima de uma secretária, falhando por pouco o ocupante da dita, e dispararam que nem setas na direcção da porta. Só tivemos tempo de nos afastar para os deixar passar e nunca mais os vimos.

0 comentários: