Em criança, Lembro-me de os meus amigos irem “à terra” nas férias de Verão e de ficar triste por não ter terra para onde ir. E a terra deles parecia um sítio mágico, algures noutro mundo, numa outra dimensão, assim uma coisa saída de um filme da Disney, com fadas, duendes, gente boa, para onde se ia no fim de Junho e de onde só se regressava em Setembro. Mas eu, nascida em Lisboa, assim como os meus pais, era uma sem-terra. Não é bem verdade, porque Monsanto, na Beira Baixa, sempre foi um bocadinho a minha terra - ia para lá desde muito pequena, tínhamos lá amigos que eram (ainda são) mais família do que alguns familiares. Mas terra, terra mesmo, oficial, onde os pais nasceram e onde ainda viviam os avós, os tios e os primos, isso não tinha.
Tudo isso mudou quando, quase aos 30 anos, emigrei. De repente, sem dar por isso, passei a ter uma terra onde regressar nas férias. Fica ali a pouco mais de 2 horas de avião, num cantinho junto ao mar, com um clima estupendo de fazer inveja a muitos países. Não tem fadas nem duendes, mas tem família, amigos e gente muito boa.
Mais duas semanas e vou à terra.
Há 22 horas
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