É verdade, leio e escrevo de manhã à noite. À primeira vista, este seria um emprego de sonho, pelo menos para quem, como eu, gosta de ler e de escrever. Seria, mas não é.
Para que uma qualquer actividade seja agradável e nos dê prazer, existe uma condição essencial: que seja interessante. Ter um mínimo de interesse, vá, não é preciso ser o mais recente filme do Spielberg que nos deixa agarrados ao ecrã do cinema durante horas, mas pelo menos que nos consiga cativar a atenção. O problema aqui é precisamente esse. Pois é, eu leio e escrevo o dia todo sobre os assuntos menos interessantes que se possam imaginar. Não é literatura, não são notícias de jornal, não são sequer folhetos publicitários do supermercado. São textos técnicos, relatórios, economia, auditorias e o diabo a quatro. Cada texto é único, dizem-me. Trata de um assunto específico, diferente dos outros. Sim, é verdade, um fala de vacas, o outro de azeite, aquele é sobre estações de tratamento de águas residuais e este sobre auto-estradas. E então? Espremendo, o sumo é o mesmo: contas e mais contas, números, percentagens, legislação, isto foi bem feito, aquilo não cumpriu as regras, aqueloutro tem de ser alterado. Sempre a mesma lengalenga, o mesmo tipo de linguagem, em alguns casos até as mesmas frases. Juro. Criatividade, zero. Originalidade, menos um.
Passo os dias a ler e a escrever, pois passo, mas…
Há 22 horas
2 comentários:
Olá Tulipa. Sinto a mesma coisa que tu, mas acho que é mesmo cansaço. Nem uma semana de férias conseguiu limpar a cabeça.
Olá. Sim, também é possível que o cansaço não ajude. Felizmente, tenho uma semanita de férias a chegar. Pode ser que melhore depois disso.
Beijinhos
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