Ferpeito: A reportagem fotográfica possível

1 de dezembro de 2010

A reportagem fotográfica possível

Durante:

Depois:

6 comentários:

Malena disse...: Que bonita ficou esta reportagem! :)); 01/12/10, 18:03
Tulipa Negra disse...: Malena, eu disse que isto estava bonito! :); 02/12/10, 08:53
Anónimo disse...: I'm dreaming os a white christmas...

(com voz de Bing Crosby)

:); 02/12/10, 10:38
Tulipa Negra disse...: Ulisses, essa fica para outro dia! :)
Beijinhos; 02/12/10, 10:53
Salvador disse...: Sabe Tulipa, vi neve pela primeira vez aos 26 anos. Foi em finais de Julho, no Monte Branco. Saí de Geneve com 30 graus, em calção e t-shirt, rumo a Chamonix. Na aldeia já estava um frio infernal mas resolvemos ir lá acima, ao glaciar, porque as perspectivas de lá voltar eram poucas. Digo-lhe, nunca na vida passei tanto frio... rsrsr. Mas valeu a pena. Hoje em dia sou fã da neve, e até já 'sei' esquiar...)); 02/12/10, 19:49
Tulipa Negra disse...: Salvador, ir à neve em passeio é bom, viver com ela já é outra conversa... Conduzir em cima de gelo é uma autêntica aventura, andar a pé no passeio e não partir uma perna também. Esquiar não sei, tive uma vez uma aula só, numa pista artificial, e passei mais tempo no chão gelado do que em cima dos esquis. :P
Beijinhos; 02/12/10, 22:04

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Poema ao acaso

Cântico Negro

José Régio

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
Há, nos olhos meus, ironias e cansaços
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

Ferpeito

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