Não sei, e penso que ninguém sabe, ao certo de onde lhe vem a alcunha, mas o Trincas é possivelmente o toxicodependente mais conhecido lá do bairro. Entra apressado na farmácia apinhada de gente, ignorando todos os clientes, e dirige-se ao balcão:
- Arranje-me aí uns pensos rápidos que me cortei e isto está práqui a deitar sangue!
O farmacêutico olha-o de soslaio, com ar de quem está habituado a estas cenas, e continua a atender a cliente. O Trincas repete o pedido, com o mesmo resultado. Até que, das entranhas da farmácia (sempre desconfiei do que se passa nas traseiras das farmácias), surge o outro farmacêutico, mais jovem, que dá atenção a outra cliente, mais próxima do local onde se encontra o Trincas. E ele que repete, mostrando o dedo em causa:
- Arranje-me aí uns pensos rápidos que me cortei. Para ver se pára o sangue.
O novo farmacêutico olha para o dedo estendido na sua direcção, lança um olhar como que a dizer "desculpe lá, é melhor despachar este" à cliente, e começa a procurar os pensos rápidos no balcão onde se encontra. Como não consiga encontrá-los logo, o Trincas, sempre solícito, diz-lhe:
- Veja antes deste lado, é aqui que estão!
E era.
3 comentários:
Tulipa, o Trincas é pois cliente habitual ;)
...cliente habitual...
:)
Habitual, de certeza, e não deve ser só dos pensos rápidos!
Beijinhos
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