Tendo feito um curso de letras, fui obrigada a ler muitas obras consideradas clássicos da literatura. No caso, tratou-se essencialmente de textos em inglês e em francês. Algumas das coisas que li eram interessantes, cativaram-me e levaram-me a procurar posteriormente, por gosto e já não por obrigação, outras obras dos mesmos autores. Infelizmente, estes casos foram poucos. Na sua maioria, os considerados clássicos são, na verdade, uma grande estopada. Ainda assim, resistente como sou, consegui ler tudo o que me puseram à frente. Tudo? Bem, na realidade, não... Ainda aguentei Balzac e Flaubert, mais uns quantos americanos de cujo nome não me recordo (tão boa impressão deixaram), mas Oscar Wilde só houve um, Shakespeare também (quer dizer, deste ninguém sabe ao certo, mas avancemos com a teoria de que o homem de facto existiu e era mesmo só uma pessoa por ser mais fácil), dos contemporâneos, por sinal muito maltratados nestes cursos, ficaram David Lodge e Rose Tremain, além de Sartre e Daniel Pennac nos franceses. E pronto.
Mas quando me deram Proust e o seu Em Busca do Tempo Perdido para ler... foi a desgraça completa! De facto, o título assenta muito bem na obra, composta por nem sei já quantos volumes dos quais eu apenas deveria ter lido o primeiro. É mesmo de perda de tempo que se trata! Sei que comecei a ler o livro, como sempre na expectativa do que dali sairia, e a pouco e pouco o interesse foi-se esfumando. No fim da primeira página já não sabia se o protagonista estava acordado, a dormir, a sonhar, a delirar... Eu, sem dúvida, estava a adormecer. E pensar que tudo aquilo era por causa de uma madalena (o bolo)! Se ainda fosse por um belo bolo de chocolate, cheio de creme... Sei que consegui ler 4 páginas. Quatro. Nem mais uma. Sei que, entre os meus colegas, houve alguém que leu 40 - foi um recorde absoluto!
Anos mais tarde, num dia em que me dedicava a arrumar os livros em casa, encontrei novamente Proust. Pensando que talvez o problema tivesse sido da idade, que aos 20 anos não tivesse paciência para coisas assim, sérias, arranjei coragem e peguei-lhe novamente. Em vão. Voltei a não passar da página 4. É frustrante pensar que de tantos livros que tenho este foi, até agora, o único que não consegui mesmo ler. Infelizmente, acho que lhe encontrei um companheiro no último de António Lobo Antunes (Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar?). Reconheço que o senhor até escreve bem, mas para deprimente já basta a vida!
Há 2 horas
2 comentários:
Experimenta o "L'écume des jours" do Boris Vian para veres o que é realmente MAU. Como se diz em bom francês: "à vomir"...
Hum... Pensando bem, se calhar dispenso. :D
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