20 de maio de 2010

Eu ainda sou do tempo em que na escola se aprendia a escrever

É mais forte do que eu. Por mais que tente, não consigo. Até me esforço, às vezes, quando acho que o conteúdo pode valer o esforço, mas acabo sempre por desistir. Falo de ler textos mal escritos, com abundância de erros ortográficos (ou outros, mas estes perturbam-me de uma forma especial). Acontece com frequência andar a navegar na Internet, a ler opiniões, comentários, blogues pessoais e até - mais grave! - notícias em jornais e deparar-me com disparates que nunca passariam pelo crivo da D. Maria Amélia Castro, minha muito ilustre e excelente professora da instrução primária.
Aberrações como "permaneçe", "comes-te" (deve ser canibal, com certeza), a ignorância ao utilizar "à" ou "há". Sobre os acentos, então, dava para escrever um livro: omitidos, colocados em palavras onde não deviam, o acento grave trocado com o agudo, simplesmente errados. Depois há quem não distinga "folhear" de "desfolhar", quem diga "eu sou suposto", os homens que dizem "obrigada" e as mulheres que respondem "obrigado" (não saberão a que sexo pertencem, terão alguma questão existencial mal resolvida?). Isto para já não falar da moda da escrita SMS (acho que é assim que se chama) em que, a bem da rapidez e da economia de letras, se escrevem coisas como “kero” e “kom” (esta não entendo, sinceramente: o que é que se ganha em usar “k” em vez de “c”?).
São coisinhas pequeninas, dirão, piquinhices. Talvez, mas complicam-me com os nervos de uma forma que só eu sei! Começo a sentir uma coisinha má a crescer cá dentro, uns calores a subirem-me do estômago, o coração a acelerar de raiva e, antes de explodir, deixo de ler e passo à frente. Estes pequenos pormenores ferem-me a vista, fazem-me mal, sinto um murro no estômago quando estou a ler um texto que até acho interessante, escrito por alguém que até parece saber do que fala, e de repente lá vem o “tivesse” em vez de “estivesse” – raios vos partam, são dois verbos diferentes, caramba!
É que se já se esqueceram do que aprenderam na escola - se é que a fizeram, ou se calhar já passaram por lá depois de todas as reformas dos últimos anos e estas coisas já não se ensinam, sei lá eu! - a tecnologia hoje em dia está aí para vos ajudar: qualquer processador de texto tem um corrector ortográfico que, por muito básico que seja, detecta pelo menos estes erros mais gritantes. Façam um favor a vós próprios e a quem vos lê: usem-no!
Já que querem escrever, ao menos façam-no correctamente.

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