é tarde meu amorestou longe de ti com o tempo, diluíste-te nas veias das marés, na saliva de meu corpo sofridoagora, tuas máquinas trituraram-me, cospem-me, interrompem o sonohabito longe, no coração vivo das areias, no cuspo límpido dos corais...a solidão tem dias mais cruéistentei ser teu, amar-te e amar o falso ouro...quis ser grande e morrer contigoenfeitar-me com as tuas luas brancas, pratear a voz em tuas águas de seda...cantar-te os gestos com ternuramas nãoáguas, águas inquinadas pulsando dentro do meu corpo, como um peixe ferido, loucoem mim a lama... e o visco inocente dos teus náufragos sem nome-de-rua, nem estátua-de-jardim-públicoaceito o desafio do teu desdémna boca ficou-me um gosto a salmoura e destruiçãoapenas possuo o corpo magoado destas poucas palavras tristes que te cantamin Livro Quarto - Trabalhos do olhar
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